quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Governo de SP admite que houve ordem de criminosos para matar PMs

Pela primeira vez após uma onda de violência que está assolando o estado, com recordes de assassinatos de cidadãos e de policiais militares, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), e o secretário da Segurança Pública, Antônio Ferreira Pinto, admitiram que criminosos ordenaram ataques a policiais militares. Segundo o governo, os serviços de inteligência da Polícia Civil e da Polícia Militar estão identificando e prendendo os criminosos. A PM diz que 169 suspeitos foram indentificados, 129 agressores foram presos e 20 morreram em confronto com a PM. “Prendemos em Ribeirão Preto um criminoso que fez atentados contra a polícia. Prendemos aqui na Zona Sul de São Paulo criminosos que tinham tentativa de ação contra a polícia. São vitórias importantes da polícia”, disse o governador Geraldo Alckmin nesta manhã durante inauguração de centrais de flagrante anexas às delegacias, na Zona Sul do município. O secretário da Segurança, Antônio Ferreira Pinto, afirmou que o setor de inteligência tem informação de "que as primeiras mortes foram ordens emanadas de um marginal que tem o apelido Piauí". Apesar de ter base na Favela de Paraisópolis, ele foi detido fora da cidade pela Polícia Federal em agosto. De acordo com o comandante da PM no estado, coronel Roberval Ferreira França, 169 criminosos foram identificados por ataques contra policiais militares neste ano. Desse total, 129 agressores de PMs estão presos, 20 morreram em confrontos com a PM e outros 20 foram identificados e são procurados. “Esses criminosos são investigados pela Polícia Civil por atacar os policiais. Neste ano, 86 PMs foram mortos, sendo que 37 deles foram mortos com características de execução”, afirmou o comandante Roberval França. Quando os ataques começaram, em agosto, após membros de uma facção criminosa que age dentro e fora dos presídios paulistas divulgarem uma carta e serem pegos em grampos telefônicos autorizados pela Justiça ordenando ataques contra policiais militares, o governo estadual evitava confirmar a informação. Apesar disso, o Ministério Público estadual teve acesso ao conteúdo das ameaças, inclusive com uma lista com nomes de PMs marcados para morrer. Questionado sobre o número de policiais militares que foram ameaçados, o comandante da PM informou que alguns registraram boletim de ocorrência. “Em todo o estado de São Paulo foram seis PMs que registraram ocorrência de ameaça por se sentirem ameaçados por criminosos”, disse Roberval França. Na segunda-feira (29), um policial militar conseguiu escapar de um ataque na Zona Sul da capital. A Promotoria também apura se policiais militares estão envolvidos em outras mortes que foram registradas no estado. Há suspeitas de que agentes da lei descontentes com as mortes dos colegas formaram grupos de extermínio e milícias para revidar os ataques contra criminosos. “Até agora não temos confirmação de nenhum PM que tenha feito isso, mas a Corregedoria da PM está apurando e investigando juntamente com a Polícia Civil a suspeita sobre alguns policiais militares”, informou o comandante. O número de policiais investigados não foi divulgado. Após cinco dias de violentos ataques, com homens em motocicletas passando atirando e matando quem estivesse nas ruas, em locais conhecidos por comércio de drogas, a capital paulista e a Grande SP teve menos casos semelhantes nesta terça, quando dois homens foram mortos em Franciso Morato. “Isso se deve a trabalhos como o da Operação Saturação, que começou na terça-feira na favela de Paraisópolis, na Zona Sul”, afirmou o coronel. O secretário da Segurança Pública informou ainda que pretende expandir as ações de ocupação de locais com alto índice de homicídios e tráfico de drogas para outros pontos da capital e até cidades do interior do estado. “É a Segurança Pública respondendo à altura os ataques criminosos”, disse Antônio Ferreira Pinto.

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